terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sobre o uso do nome de Deus, Javé - Frei Carlos Mesters

O nome de batismo de Carlos Mesters é Jacobus. Diferente, não?! Carlos sempre soou muito mais carinhoso entre nós.
Com que nome devemos chamar ao Deus do Êxodo? Diante das controvérsias sobre o uso do nome de Javé, Frei Carlos Mesters fez a seguinte reflexão numa carta de resposta ao amigo Ildo.


Caro amigo Ildo,
Obrigado pela sua carta em que comunicou a resposta a respeito do uso do nome de Deus Javé. Gostei muito da sua resposta. De fato, o nome de uma pessoa é coisa do coração. Uma coisa é o uso oficial do nome, outra, o uso do nome no dia-a-dia da convivência.
Na minha carteira de residência permanente no Brasil está escrito que meu nome é Jacobus, mas para você sou Carlos. Se alguém me chama Jacobus, eu já sei que a pessoa que me chama assim é um estranho que não me conhece e não é amigo.
Assim também é com o nome de Deus. Seu nome oficial, escrito na carteira dele pelas autoridades que a emitiram, é SENHOR. Mas no dia-a-dia da convivência, os amigos, as filhas, os filhos, os familiares o chamam de Javé ou Yahweh, ou o carinhoso "Nosso Senhor". Foi Deus mesmo quem pediu para a gente chamá-lo assim quando ele disse: “Este é o meu nome para sempre, e assim serei lembrado de geração em geração” (cf. Ex 3,13-15).
Não sei se Ele concordou com a mudança para Adonai, Kyrios, Dominus, Senhor. Ele nunca se manifestou sobre isto.
Sei que Jesus gostava de chamá-lo de Abba, Papai, e as autoridades da época não gostaram muito. Diziam que Jesus não era de Deus (João 9,16), e o mataram.
Por motivo de ecumenismo com os nossos irmãos judeus, eu concordo plenamente com você e acho importante a gente usar o nome oficial da carteira de Deus nas solenidades oficiais.
Mas ninguém vai me impedir de chamá-lo pelo nome que ele mesmo pediu para a gente chamá-lo.
Nome é muito mais do que um conjunto de letras. Na terceira Lamentação (de Jeremias), é o nome YAHWEH que, de repente, acende uma luzinha na escuridão da noite da fé do povo e lhe devolve a esperança, a alegria e a fé (Lm 3,18), mudando  por completo o rumo da lamentação. Nome é a pessoa, ela mesma, vivida, amada, interiorizada. No fundo, o nome da pessoa amada é o outro lado da gente mesma, não acha?”
Ildo, um grande abraço para você, para Rosângela, para Tiago e Lucas, para Edmilson e todos e todas que trabalham no CEBI. Tudo de bom.
Frei Carlos