segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CEBI celebra os 80 anos de Carlos Mesters

Um punhado de terra trazido de cada Estado do Brasil; terra também do Itália, da Alemanha e de Cuba. Um chão multicolorido foi se formando em memória dos tantos lugares pelos quais Carlos Mesters pisou em sua vida de “caixeiro viajante da Palavra”

Assim teve início a noite na qual o CEBI celebrou os 80 anos de vida de Frei Carlos Mesters. Holandês de nascimento, Mesters adotou o Brasil como sua casa aos 17 anos. E muito cedo tornou-se um entusiasta de um movimento que passou a se chamar de Leitura Popular da  Bíblia (veja aqui como Eliseu Lopes fala de Frei Carlos).

Em suas palavras de abertura, Francisco Orofino e Adeodata dos Anjos, integrantes da Direção Nacional do CEBI, lembraram que muita gente foi marcada pelo testemunho de Mesters. O relato de sua experiência no sertão cearense, descrito em Seis dias nos portões da humanidade, foi destacado várias vezes, inclusive por Norbert Bolte, representante da Adveniat, da Alemanha.

Entre as homenagens de todos os cantos do país, da América Latina e da Europa, Mesters acolheu com carinho as palavras de três pessoas amigas em especial.

Oscar Beozzo, coordenador do CESEEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular), lembrou que o trabalho de Carlos “tinha tudo para dar errado”. Como se sabe, a história de “missão” junto ao Terceiro Mundo deixou marcas sempre positivas. Carlos é missionário estrangeiro e estudou em Roma. Segundo Beozzo, a experiência do povo brasileiro, estrangeiro em sua própria terra ajudou no aprendizado e no êxito de Mesters.

Odja Barros, pastora da Igreja Batista em Maceió/AL, destacou como foi sua experiência quando conheceu Carlos Mesters: "Lembro quando falei para minha comunidade desse encontro com frei Carlos. Dizia: ‘Encontrei alguém que como Jesus. É um frei católico do CEBI. Ele fala com autoridade'. Sua vida, sua simplicidade, sua mística me ajudaram a voltar diferente para casa. Uma centelha de mais fé se acendeu na minha vida." (leia a mensagem da Pastora Odja no site do CEBI na Seção Subsídios – Espiritualidade com o título Envelhecer sendo “novo” – crescer ficando “pequeno”).
Odja ainda lembrou que a Leitura Popular da Bíblia estimulada por Frei Carlos ajuda a recuperar um princípio da Reforma: o livre exame das Escrituras, princípio do qual muitos evangélicos têm se afastando.
O biblista Rafael, de São Paulo, ressaltou as relações de carinho e amizade sempre muito valorizadas por Carlos Mesters. Frei Carlos é padrinho de Ana Clara, filha de Rafael.

A memória da vida de Carlos foi lembrada por meio de um pequeno vídeo, de 9 minutos que pode ser assistido aqui.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sobre o uso do nome de Deus, Javé - Frei Carlos Mesters

O nome de batismo de Carlos Mesters é Jacobus. Diferente, não?! Carlos sempre soou muito mais carinhoso entre nós.
Com que nome devemos chamar ao Deus do Êxodo? Diante das controvérsias sobre o uso do nome de Javé, Frei Carlos Mesters fez a seguinte reflexão numa carta de resposta ao amigo Ildo.


Caro amigo Ildo,
Obrigado pela sua carta em que comunicou a resposta a respeito do uso do nome de Deus Javé. Gostei muito da sua resposta. De fato, o nome de uma pessoa é coisa do coração. Uma coisa é o uso oficial do nome, outra, o uso do nome no dia-a-dia da convivência.
Na minha carteira de residência permanente no Brasil está escrito que meu nome é Jacobus, mas para você sou Carlos. Se alguém me chama Jacobus, eu já sei que a pessoa que me chama assim é um estranho que não me conhece e não é amigo.
Assim também é com o nome de Deus. Seu nome oficial, escrito na carteira dele pelas autoridades que a emitiram, é SENHOR. Mas no dia-a-dia da convivência, os amigos, as filhas, os filhos, os familiares o chamam de Javé ou Yahweh, ou o carinhoso "Nosso Senhor". Foi Deus mesmo quem pediu para a gente chamá-lo assim quando ele disse: “Este é o meu nome para sempre, e assim serei lembrado de geração em geração” (cf. Ex 3,13-15).
Não sei se Ele concordou com a mudança para Adonai, Kyrios, Dominus, Senhor. Ele nunca se manifestou sobre isto.
Sei que Jesus gostava de chamá-lo de Abba, Papai, e as autoridades da época não gostaram muito. Diziam que Jesus não era de Deus (João 9,16), e o mataram.
Por motivo de ecumenismo com os nossos irmãos judeus, eu concordo plenamente com você e acho importante a gente usar o nome oficial da carteira de Deus nas solenidades oficiais.
Mas ninguém vai me impedir de chamá-lo pelo nome que ele mesmo pediu para a gente chamá-lo.
Nome é muito mais do que um conjunto de letras. Na terceira Lamentação (de Jeremias), é o nome YAHWEH que, de repente, acende uma luzinha na escuridão da noite da fé do povo e lhe devolve a esperança, a alegria e a fé (Lm 3,18), mudando  por completo o rumo da lamentação. Nome é a pessoa, ela mesma, vivida, amada, interiorizada. No fundo, o nome da pessoa amada é o outro lado da gente mesma, não acha?”
Ildo, um grande abraço para você, para Rosângela, para Tiago e Lucas, para Edmilson e todos e todas que trabalham no CEBI. Tudo de bom.
Frei Carlos

sábado, 2 de julho de 2011

“QUEM MERECE INCENSO É O POVO”

Bem vindo/a ao blog que homenageia os 80 anos de frei Carlos Mesters!

Desde meados no ano passado, o Conselho Nacional tem presente a celebração desta data. Não foi fácil chegar a esta proposta de um espaço participativo e interativo. Num primeiro momento pensamos no tradicional livro com artigos e depoimentos. Várias sugestões foram feitas, unindo entidades em que frei Carlos foi figura marcante.

O CEBI e a Província Carmelitana Santo Elias chegaram a pensar num esquema de livro e a esboçar uma lista de prováveis colaboradores e colaboradoras. Tudo em vão! Qualquer proposta esbarrava da firme e tenaz resistência do homenageado que se recusava a aprovar qualquer esquema de livro. Frei Carlos rejeita homenagens: “Se alguém merece incenso, este alguém é o povo!”

Até aceitaria um livro, desde que estivessem presentes as pessoas significativas em seus trabalhos na caminhada da Leitura Popular da Bíblia. Se fôssemos atender seus pedidos o livro teria mais de 300 colaboradores. E se cada pessoa escrevesse uma mensagem curta, o livro teria mais de mil páginas! Impossível!

Depois de muitas conversas e do apoio do homenageado, chegamos à conclusão em propor este blog. Sinta-se à vontade! Deixe aqui sua mensagem, seu testemunho, sua poesia, seu artigo. Se quiser, pode enviar também fotos e vídeos. Qualquer maneira que você mesmo/a resolver homenagear frei Carlos será muito bem vinda! Ele lerá e responderá, como ele mesmo diz, “na medida do possível”.

Tenha presente a frase com que frei Carlos desaprovava qualquer proposta de homenagem. Diante de idéias ele apenas dizia: “Se alguém merece incenso, este alguém é o povo!” Tenha certeza que na sua mensagem você estará homenageando o povo que se congrega em comunidades para ler, meditar e orar a partir das Escrituras.

Em nome do Conselho Nacional do CEBI, agradecemos seu carinho e sua mensagem a frei Carlos.

Francisco Orofino
Adeodata Maria dos Anjos
Edmilson Schinelo